MÁRMORES – ALGUMAS CURIOSIDADES - Sindirochas Espírito Santo
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MÁRMORES – ALGUMAS CURIOSIDADES
01 de Março de 2016 . 17h47
MÁRMORES – ALGUMAS CURIOSIDADES
O mármore é uma rocha carbonática, originada do metamorfismo do calcário, quando exposto a altas temperaturas e pressão. Suas maiores jazidas estão distribuídas no Brasil, Itália, Grécia, França, Espanha, Argélia, Portugal, Alemanha, Turquia, Israel, Egito, Noruega, Estados Unidos, México, Uruguai, podendo ocorrer nas cores branca, preta, marron, amarela, azulada, vermelha, cinza, rosa, encarnada e verde dentre outras
Registros históricos dão conta de que a cal, há mais de 9.000 anos, servia como argamassa no rejunte de blocos de mármores em bruto ou de arenito, utilizados na construção de muros para a proteção de cidades, castelos, pirâmides etc. Em torno de 4.500 anos passados, o mármore passou a ser polido, constituindo-se na matéria prima mais nobre, no acabamento e ornamento de interiores como pisos, paredes, colunas, escadarias, em obras de arte sacras, templos, túmulos, monumentos.
Escultores anônimos da Idade da Pedra já trabalhavam o mármore. Exemplo disso é a estatueta Vênus de Willendorf, esculpida em calcário oolitico, há mais de 20.000. Na Idade Antiga, persas, gregos, romanos e egípcios empregavam enormemente os mármores em estátuas, bustos de deuses, heróis. No renascimento, Michelangelo abusou dos mármores nas suas magníficas obras como Davi, Moisés, La Pietá, Baco e muitas outras.
No Brasil, os principais produtores de mármore são o Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. No Espírito Santo, os mármores ocorrem exclusivamente nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Castelo, pertencem ao grupo dos calcários recristalizados por um metamorfismo ocorrido entre o Pré-Cambriano e o início da Era Paleozóica, entre 450 e 700 milhões de anos, quando a vida no planeta estava iniciando em ambiente aquático.
A extração de mármore no Estado iniciou em meados dos 1950, em Prosperidade, Vargem Alta. Está, aí, o marco da origem do pólo industrial de Cachoeiro de Itapemirim que, posteriormente, com o advento dos granitos, cresceu e gerou o atual parque estadual de rochas ornamentais, do qual fazem parte mais de 1.000 tipos de rochas entre mármores e granitos, mundialmente conhecidos e admirados. Entre os mármores capixabas, cujas reservas são de 360.000.000m³, os que mais se destacam são o branco absoluto, branco neve, branco esmeralda, cinza, rosa, rosa imperial, marrom, chocolate, chocorrosa, verde, pinta verde e azul acqua marina.
A descoberta das imensas reservas de granito, a partir dos anos de 1970, pode ter passado a impressão de que o uso dos mármores ficou ultrapassado e esquecido de produtores e usuários. Ledo engano, pois mesmo que milhares de empresas tenham partido em busca de granitos, os tradicionais marmoristas cuidaram muito bem de suas jazidas, melhoraram os trabalhos nas frentes de lavra, ampliaram a produção, aperfeiçoaram indústrias de beneficiamento, o que conseqüentemente resultou em produtos e chapas de altíssima qualidade.
As jazidas de mármore de Cachoeiro e Vargem Alta, na maioria das vezes estão interdigitadas com calcário, calcita e dolomita, por isso, outrora, muitas eram utilizadas apenas na produção de pó. Hoje, devido ao aperfeiçoamento técnico, esses materiais estão sendo serrados e beneficiados, permitindo a produção de lindíssimas e curiosas chapas translúcidas, - um misto de mármore e calcita - muito requisitadas na confecção de peças ornamentais, como também para a decoração de interiores. Inovação e qualidade, como se vê, ampliam mercado e, além de emprego, renda e outros itens associados à produção, geram beleza.
Um aspecto que merece especial destaque é o fato de o mármore gerar resíduos totalmente aproveitáveis, como componentes nas indústrias de fertilizantes, corretivos da acidez do solo, tintas, cerâmicas cimentos, tijolos, e em diversas outras atividades. Lavoisier estava certo quando decretou que “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Transformar, aproveitar resíduos, é também resultado da transformação da visão dos vários segmentos produtivos. Inovar, ampliar horizontes, buscar novas soluções, deve ser um desafio constante e o resultado é extremamente gratificante, além de produtivo.

Geólogo Rubens Puppin
Assessor ambiental e de mineração do Sindirochas, atua a mais de 50 anos no setor de rochas do Espírito Santo, tendo ocupado o cargo de superintendente do 20º Distrito do DNPM e trabalhado no IEMA.